A Igreja Que Ama Missões

A Igreja Que Ama Missões

(Corações Gratos, Pés Que Vão, Mãos Que Dão e Joelhos Que Dobram).

Por: Paulo César Berberth Lima
Disciplina: Metodologia da Pesquisa 1
Faculdade Teológica Batista de Campinas
Campinas, 29 de Maio de 2005.


INDICE
1 Introdução
2 Corações Gratos
3 Pés que Vão
4 Mãos que Dão
5 Joelhos que Dobram
6 Conclusão
7 Bibliografia
É interessante pensar: a idéia de que é melhor ter qualidade do que quantidade tem sido a grande “justificativa” das igrejas que não crescem e não se desenvolvem (pode até explicar, mas não justifica). A falta de Amor, de Visão, de Objetivos e de Alvos são os grandes impedimentos ao crescimento e expansão da igreja, as que possuem envolvimento com missões são as que mais têm crescido, e em todas as direções – Espiritual, Física e Financeiramente.
Para crescer nesses aspectos não existe segredo, o principio é simples, prático e eficaz, a igreja tem que ter:

Corações Gratos; reconhecendo a Graça de Deus em sua própria vida. Pés que vão; respondendo a chamada de Cristo, ela vai e envia. Mãos que dão; contribuindo e sustentando. E Joelhos que Dobram; gastando tempo orando objetivamente por missões, pelos enviados e pelos povos não alcançados.

Rm 10.13-15 Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!
A igreja que ama missões é uma igreja que possui corações gratos pela salvação em Cristo.

“Como retribuirei a Deus todo o bem que me fez?” Sl. 116.12. O salmista pergunta por todos nós, a resposta deve ser a mesma proclamada no Sl. 89.1 ”Cantarei para sempre as benignidades do Senhor; com a minha boca proclamarei a todas as gerações a tua fidelidade”.

Fomos criados para o Louvor da Glória do Senhor, Ele nos fez para glorificarmos o Seu Santo Nome, esse é o desejo de Deus, Rick Warren afirma: “O objetivo fundamental do universo é demonstrar a glória de Deus. Essa é a razão de tudo que existe, incluindo você, Deus fez tudo isso para glória dele. Não fosse a glória de Deus, não haveria nada”.[1]
Damos glórias a Deus anunciando Seu Nome, a igreja que ama missões deve sentir verdadeiramente uma enorme gratidão pela Salvação, deve entender o maravilhoso propósito de Deus que é “Testemunhar” Dele para Todas as Nações, conforme 1Pe 2.9 “Vós sois a geração eleita, sacerdócio real, não santa, povo exclusivo de Deus, para anunciardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para maravilhosa luz”. Com toda certeza, missões estarão no coração da igreja, se assim compreender que fora chamada exatamente para isso, fazer missões! O Senhor deseja que Sua igreja local seja instrumento abençoador, o canal de bênçãos, a torre que anuncia as verdades eternas.
Somos soldados de Deus, e devemos percorrer o mundo para levar o mundo à “morte”, sim, levar o mundo à “morte”, pois se morrerem para si, viverá a vida que Jesus deseja para todos, conforme a declaração aos Gálatas no cap. 2.20 “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. Portanto a igreja deve cumprir o Ide de Jesus, esse desejo está no coração de Deus e deve estar no coração da Igreja.
Mas antes de testemunhar, antes de contribuir financeiramente ou orar por missões, a igreja precisa compreender o que Jesus fez por ela na Cruz. Deve entender qual era sua real condição, antes éramos inimigos de Deus, estava numa situação lastimável, desesperadora, sem qualquer esperança, a vida não teria nenhum sentido sem Cristo e sua Salvação, essa seria a real situação da igreja, pecadores nós éramos e por ser tal, estava separada da glória de Deus (Rm 3.23).
É exatamente isso que deve ser feito, olhar para quem nós éramos, reconhecer a graça de Deus em nossas vidas, reconhecer toda nossa situação como acima foi destacada. E agora, olhar para nossa volta, perceber que pessoas estão morrendo sem Cristo, dia após dia, ou seja, ainda estão nessa terrível situação de desespero. (Como você se sente sabendo disso?) Então a igreja sentirá uma enorme gratidão pela Graça que Deus derramou sobre suas vidas, você individualmente era inimigo de Deus e hoje você e sua igreja local, tem o privilégio de fazer parte do Seu Reino e participar do Seu crescimento.
Como então olhar para nossa situação e não sentir gratidão? A Bíblia diz que o “Amor de Deus nos constrange” 1Co 5.14. Como não desejar compartilhar do Evangelho aos outros? Como não querer que o mundo conheça a Jesus? Como a igreja local pode não responder ao Ide de Jesus? Como você pode não desejar que outros se salvem?
Impossível você permanecer indiferente frente a esses questionamentos, principalmente se os responderes de forma positiva. Eu creio com toda convicção que é impossível um filho de Deus não desejar essas coisas, pois o fato de o Temos nos motiva, as Necessidades dos homens a nossa volta, o Amor, o Evangelho, a Eternidade e o Chamado de Deus nos motiva.


Hoje é sempre o melhor dia
Agora é sempre a melhor hora
Se não for você – quem?
Se não for agora – quando?
2Co 5.20 e 2Co 6.2

Pelo temor e amor de Deus, pelas necessidades dos homens, pelas realidades eternas, pela obra de Deus, por essa grande história que temos de compartilhar ao mundo e pelo chamado que Deus nos tem dado e confiado, há muitos motivos para darmos o melhor de nós mesmos em favor das missões. Perto ou longe, intercedendo com orações, contribuindo e sustentando fielmente, viajando ou enviando a outros.
A igreja que ama missões é aquela que sente uma enorme gratidão, Você pode dizer? “Sim, grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres” SL126.3. Você está feliz? Está grato? O que fará agora? Compartilhe! Tenha um coração grato por Deus, pelo o que fez e por quem Ele é e significa na sua vida. Motive sua igreja a entender essa profunda realidade, então ela terá corações gratos.


3. PÉS QUE VÃO

A igreja que ama missões é uma igreja que envia e vai com os que vão.

“E como pregarão, se não forem enviados? Assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!” Rm 10.15.
A igreja não pode perder a visão da sua grande missão: evangelização, ela tem esse compromisso. Ou vamos ou enviamos aqueles que são chamados. A igreja missionária é a que envia, a que vai junto dos que vão. Ela obedece o “...Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” Mc 16.15.

Evangelizar
“Vai, vai e ganha os perdidos
Evangeliza-os a todo Custo;
Prega e insta em todas as terras,
Esta é a ordem a que damos ouvidos
Evangeliza cada Nação,
Não se pode negar o Evangelho.
A ninguém se negue o convite
Anuncia a Cruz de Cristo,
A morte expiatória do Senhor.
Vai, e dize como ele ressuscitou
E triunfou sobre seus inimigos.
Como vai voltar de novo
Para reinar em poder e majestade
Ele voltará para a Esposa tomar,
De toda tribo, língua e nação;
E também a fim de inaugurar
O juízo contra todos os ímpios.
Vai, a mensagem tem de ser
Vai buscá-los para o redil do Pastor proclamada
O Mestre te chama. Levanta-te
É preciso Evangelizar
Evangelizar. Evangelizar!”
[2]

A igreja é missionária a partir de suas ações. Isso quer dizer que seus planos, projetos, realizações, tanto comunitários como individuais, nunca podem perder de vista a grande missão de ser sal e luz, de mostrar a esperança, o caminho da salvação em Jesus. Estas ações começam em casa, na família, no prédio, na rua, no trabalho, na escola, com amigos, vizinhos, no bairro, na cidade, e até entre outros povos, culturas e raças. Não preciso necessariamente estar na China, meu campo é onde estou, e onde estou ali farei missões.
As nossas ações jamais deverão ser individualistas e egoístas, do tipo: “Eu quero assim; só se for como eu penso; eu faço se eu quiser; ninguém manda em mim; ou é do meu jeito ou não conte comigo; os meus planos são os melhores...” Tais atitudes substituem o plano de Deus para a sua igreja e seus filhos. Um grande problema tem acontecido entre os missionários, Antonio C. Nasser comenta sobre a falta de cooperação mútua entre as agências missionárias. “Parece que cada um deseja plantar sua bandeira, a qualquer preço, não importando se vão aglutinar pessoas em um só ponto, e deixar povos sem Cristo. A mim me parece (posso estar enganado), que estamos numa corrida maluca, como subir o Monte Everest! Queremos chegar primeiro, e, se for impossível, precisamos colocar, ao menos, a nossa flâmula para que tremule ali para sempre! Isto mais se assemelha a uma brincadeira de crianças do que a uma guerra ferrenha contra o diabo e seus anjos, para conquista de povos que estão sem a Luz de Jesus! Perdoe-me se estou criticando demais, mais é muito importante que olhemos para dentro de nós e de nossas organizações e sondemos as nossas reais motivações”[3] . A verdade é que conforme Nasser comentou, ao invés de se preocuparem em proclamar Jesus, o que tem acontecido é uma corrida para por a bandeira denominacional. Isso nos faz pensar qual é a prioridade: Falar de Jesus ou plantar bandeiras?
A coisa mais preciosa para um cristão, é fazer parte daqueles que o Senhor vocacionou para o ministério em tempo integral (Rm 10.15b Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!), realmente é um privilégio participar desta obra, mas o chamado é apenas para alguns? A grande comissão foi para todos?
Trabalhei numa empresa em 2002, e lá havia um rapaz também cristão, muito inteligente, admirava seu potencial. Eu estava no primeiro ano na liderança dos Jovens e Adolescentes de minha igreja, já tinha convicção do meu chamado e estava começando a me preparar para o ministério. Certo dia, cheguei ao serviço entusiasmado, pois naquela semana havia dado meu primeiro estudo, então comecei a compartilhar para o Marcos, um outro rapaz que trabalhava comigo que também é cristão, estava compartilhando da minha alegria e entusiasmo, Luiz então se aproximou e comentou de forma bem arrogante:

- Eu já preguei várias vezes na minha igreja, tenho tudo anotado, tenho marcado até quantas vezes preguei, os assuntos e temas, você está apenas começando, tem muito que aprender! Então fiquei surpreso com a atitude dele. Continuando a conversa ele comentou que havia feito “até” seminário, então o questionei:
- Por que então não decidiu estar no ministério e servir a Deus em tempo integral? Ele me respondeu:
- Não tenho chamado!
Pensei por alguns instantes, então lhe disse:
- Mas você tem ouvido?
O quero estou querendo dizer é que algumas pessoas dão motivos banais para não participar da obra de Deus, muitos não compreenderam que a missão é para todos. Porém sei que existem os vocacionados para um determinado ministério, aqueles que sentem o desejo de estar em tempo integral como pastor, missionário, missionária ou educadora religiosa.
Edison Queiroz, afirma que a igreja deve ter cuidados especiais para com os candidatos, deve avaliar alguns critérios importantíssimos em sua vida, tais como: o candidato deve ser salvo; tem de apresentar constante crescimento na vida cristã; deve ter um caráter aprovado; deve ter convicção do chamado; deve ter um espírito disposto a aprender; deve ser submisso à liderança; deve ter reconhecimento da igreja; deve ter autoridade espiritual; deve ter qualidades bíblicas para o ministério[4].
Edison também fala sobre a importância do envio eficaz.
Quando o envio é correto, há decorrências importantes, que trazem segurança tanto para a igreja quanto para o missionário:
O envio eficaz requer consciência e responsabilidade da igreja diante de Deus e da família do missionário. Isso faz os membros ter compromisso mais profundo com a produtividade do missionário e preocupação com o bem estar da família dele.
O missionário, além de sentir-se muito mais seguro, terá também profunda consciência de corresponder à confiança que a igreja nele depositou. Sabe que deve estar constantemente em submissão à igreja, enviar seus relatórios, seus pedidos de oração, etc.
A conseqüência natural desse compromisso entre igreja e missionário será uma eficácia muito maior no trabalho. Haverá mais oração, o missionário terá mais condição de trabalho; consequentemente haverá mais resultado[5].
A igreja que ama missões é aquela que envia e vai, engaje-se e encoraja outros a participar desta tão preciosa causa, lembre do apelo que o Senhor faz em Is 6:8 “A quem enviarei, e quem irá por nós? (Estas palavras são para você) Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim”. Isaias ouviu a chamada do Senhor e a respondeu. Se você não for, coloque o seu coração diante de Deus, e faça parte enviando os que vão, pois essa é a vontade de Deus para sua vida. Com corações gratos a igreja enviará e também irá ao campo.

4. MÃOS QUE DÃO


A igreja que ama missões é uma igreja que contribui e sustenta a obra missionária.
Falar de sustento e contribuição hoje em dia na igreja não é tarefa fácil, e uma das coisas que mais tem prejudicado a obra missionária são “crentes” infelizmente apegados às riquezas, sabemos muito bem que, quando pensamos em missões temos que pensar em abnegação. Do que iremos abrir mão? Talvez planos tenham de ser adiados ou até mesmo substituídos por amor à obra de missões. Mas existem três concorrentes fortes da abnegação, o egoísmo, a avareza e a ganância, sentimentos que aumentam dia após dia e várias vezes conseguem vitórias, destruindo a visão de missões na igreja.
O jovem rico é um exemplo claro, ele questiona Jesus a respeito da vida eterna, então Jesus o responde: “Sabes os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém defraudarás; honra o teu pai e a tua mãe. Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitos bens” Mar 10.19 – 22. O jovem gostaria de ter a salvação, porém considerou sua riqueza mais valiosa, não quis abrir mão, Jesus desejava que ele o seguisse, contudo não quis.
Na igreja, hoje não é diferente, muitos estão se apegando aos bens materiais se tornando um “deus” para o indíviduo, Jesus nos adverte a esse respeito. Mt 6.24 “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”. E quando isso acontece, é muito difícil o crente abrir o coração e “por a mão no bolso.”
Pensando no contexto da igreja, torna-se um problema ainda maior, pois ela não terá a visão missionária deseja por Deus, sentira apenas suas próprias dores e não olhará para o mundo, muito menos para as necessidades dos missionários, isso é muito triste!
Na maioria dos casos, a culpa é da liderança, pois não trabalha essa visão na vida da igreja, não ensina a igreja amar missões, ela deve pregar a palavra enfatizando missões, falando de sua importância, necessidade, trazer missionários para falar à igreja dando seu testemunho e fazendo entrevistas, passar documentários missionários e também trabalhar com discipulado, tudo isso ajuda a igreja se despertar para missões.
Na mentalidade de alguns, ser missionário é a opção do ”Pastor que não deu certo”, por isso seu sustento pode ser qualquer coisa.
“Por que o missionário não planta mandioca ou cria galinha ?”
A idéia é que o missionário deve passar por necessidades. Nada de conforto! Será que Deus faz acepção entre pastor e missionário?
Nasser desenvolve alguns aspectos importantes da visão do sustento missionário para a igreja.
“Quanto as Igrejas locais aplicam em missões? Ficaremos assustados, se ouvirmos os relatórios financeiros, pois se gasta mais no local onde a igreja está do que na expansão sistemática do Reino de Deus. Por quê? Muitos são os fatores, mas o principal, em minha maneira de ver, é a falta de visão correta nesta área.
“Por que enviar missionários a campos tão distantes?”
“Temos gente morrendo de fome no Brasil, também!”
“Temos que construir nosso Templo! Enviar missionários, além de dar trabalho, é perda de tempo e dinheiro!”
Infelizmente, estas têm sido algumas considerações que, ainda não verbalizadas, existem na mente de muitas pessoas.
Quando uma igreja entender seu papel no mundo e que deve “pregar o Evangelho a toda criatura”, ela passa a ver a realidade de seus missionários. Quanto ao sustento, propriamente dito, devemos levar em consideração alguns aspectos importantes:
1. Cada missionário tem seu custo de vida.
2. Agências denominacionais trabalham diferentemente das agências de envio independentes.
3. A igreja local deve compreender que é melhor manter um missionário dignamente do que vários em condições precárias.
4. A igreja local deve considerar o missionário, quando está no campo e quando de regresso.
5. A perseverança no envio do sustento é de vital importância para o missionário
6. O sustento precisa ser digno.” [6]

Várias agências estão adotando um método de levantar sustento através de mantenedores de um determinado povo ou missionário seja ele enviado por aquela igreja ou por outra, é interessante pois a igreja não se limitará ao sustento dos missionários da igreja local, mas sustentarão outros. A igreja que adota um povo trás benefícios segundo Edison Queiroz, “Evita-se duplicação de esforços; Gera-se um compromisso mais sério com processo de evangelização do mundo; Confere-se objetividade ao trabalho da igreja; Aumenta-se o potencial de cooperação e parceria”[7].

A igreja que ama missões é uma igreja que contribui e sustenta a obra missionária, trabalhe esse aspecto na sua igreja, crie métodos para levantar sustentos dos missionários espalhados pelo mundo. Se a igreja tiver um coração grato, enviará, irá e sustentará a obra de missões.


5. JOELHOS QUE DOBRAM


A Igreja que ama missões, é uma igreja que dobra os joelhos em oração pelas almas perdidas.
É assustador quando se tem um período de oração na igreja, pois existem dificuldades em orar, sente-se sono, preguiça e uma coisa que incomoda são orações subjetivas e genéricas como: “Senhor abençoa todos os missionários do mundo”. Mal sabe a pessoa que ora desta forma, que os mulçumanos também estão enviando missionários para o mundo todo. Ou orações como: “Senhor abençoa todos os missionários de nossa junta”. Isso demonstra que não há envolvimento pessoal com os missionários e denuncia a falta de informações, além da ignorância relativa ao significado da obra. Por outro lado, quando existe o conhecimento das implicações da obra missionária, as orações das igrejas serão mais objetivas e especificas, ou seja, as igrejas estarão sempre informadas, saberão os motivos de oração porque existe esse interesse pessoal pelo missionário.

Mt 9.37-38 “Então disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.”

Gosto de olhar para esse texto e perceber nas ricas palavras de Jesus a importância de orarmos por missões, com certeza essa é a vontade Dele, Jesus está dizendo que o “campo é grande” implica em diversos problemas e por ser grande há muitos campos, vários ainda não alcançados, por isso Ele diz os “trabalhadores são poucos”, devemos orar por obreiros, pessoas precisam se levantar e atender esse clamor. Tenho, no entanto pelo menos três pedidos de oração:

1. Para Deus levantar obreiros;
2. Pelos missionários, por sustento financeiro, pensando também nas diversas dificuldades no campo, como a língua, o aspecto cultural, pela família do missionário, incluindo saúde física e espiritual e principalmente para serem firmes e fieis;
3. Por povos não alcançados, para Deus preparar os caminhos, abrindo as portas do Evangelho ao povo. Ou por povos específicos que Deus colocou em seu coração para orar, nesses casos é importante saber todas as informações possíveis sobre povo, tanto os não alcançados quanto os que já possuem um trabalho missionário, a fim de orar especificamente;

Um outro aspecto que se deve pensar sobre missões é que devemos ter uma “mentalidade de soldados”. Estamos numa guerra e a oração é uma arma essencial, Jon Piper fala sobre isso: “Até que sintamos a força disso, não oraremos como devemos. Nem sequer saberemos o que é oração. Em Efésios 6.17-18, Paulo faz a conexão entre a vida de guerra e a obra da oração: 17 Tomai pois o capacete e a espada da salvação do Espírito, que é a palavra de Deus; 18 Com toda oração e súplica, orando em todo o tempo no Espírito e para isto vigiando com perseverança por todos os santos”[8]
A idéia do texto é a seguinte: de tomar a espada... orando! Eis como devemos nos comportar, a oração é a comunicação com o quartel é um aparelho comunicador no campo de batalha e não um aparelho doméstico, deve ser manejado corretamente. Deus o arquitetou e nos deu para usarmos em sua missão, nossa arma fundamental, a qual o inimigo tentará de qualquer forma desarmar nos deixando sem sozinhos, perdidos no campo de batalha.
“A oração é para o cumprimento de uma missão de guerra. É como se o comandante no campo (Jesus) chamasse as tropas, desse a elas uma missão decisiva (ir e produzir frutos), entregasse a cada uma delas um transmissor codificado com a freqüência do quartel-general e dissesse: Companheiros, o general tem uma missão para vocês. Seu objetivo é vê-la executada. Para essa finalidade, autorizou-me a dar a cada um de vocês um acesso pessoal por intermédio desses comunicadores. Se vocês permanecerem leais a sua missão e buscarem primeiramente a vitória, ele estará sempre atento ao seu comunicador, para dar-lhes conselho tático e mandar reforço aéreo quando precisassem. Mas o que milhões de cristãos tem feito? Temos deixado de crer que estamos em uma guerra. Não há urgência, atenção e vigilância. Nenhum plano estratégico. Apenas uma paz cômoda e prosperidade. E o que fazemos com os comunicadores? Tentamos instalá-los em nossas residências, casas de campo ou praia, barcos e carros, para servir como comunicador interno – não para ser usado como poder de fogo para o conflito contra um inimigo mortal, mas para obter mais conforto em nosso aconchego”[9]
Triste mas é a pura verdade, como igreja de Cristo, somos muito falhos! Tiago em sua carta diz: 4.3 “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” Usamos a oração para pedir somente aquilo que desejamos para nós mesmos, nosso pensamento deve ser o mesmo de Paulo 1Co 10.24 “Ninguém busque o proveito próprio, mas antes o que é do outro” Quantas vezes pensamos no próximo? Em Rom 13:8 a “A ninguém devais coisa alguma, senão o amor recíproco” Não no sentido de faltar amor, mas no sentido de pagar sempre o amor.
A oração é uma poderosa arma (Tiago 5.16b ... A suplica de um justo pode muito na sua atuação) e deve ser usada para a Glória de Deus, pensando no crescimento do Seu Reino. Se a igreja tiver um coração grato, enviará, irá, sustentará e orará por missões.


6. CONCLUSÃO



Creio que a principal missão da igreja é fazer discípulos, é por isso que Deus tem um coração missionário, Ele designou esse papel à da igreja local, “as ovelhas fazem ovelhas”. A igreja tem todas as condições de recrutar, selecionar, treinar (sem dispensar a ajuda de faculdades ou seminários teológicos) e enviar missionários como também sustentar financeiramente e em oração.
O que não pode e nem deve fazer é esquecer-se de pastoreá-los adequadamente. Deixa-los à própria sorte (não dispenso a ação de Deus) e sozinhos nos campos, apenas exigindo relatórios e resultados, enviando o sustento financeiro sem muitas vezes saber de suas reais necessidades, orando subjetivamente, diria até, sem sentir o desejo de orar, é, no mínimo cruel e anti-bíblico, isso quando a igreja faz, pior é quando não se faz nada por missões.
As igrejas locais devem compreender que não é uma pequena parte neste processo, pelo contrário, é integrante e responsável pela saúde de seus obreiros. No momento em que descobrirmos, juntos, que nossas igrejas não são apenas celeiros (onde apenas se estocam coisas), mas um organismo vivo que sente, pensa e age, certamente a obra missionária sofrerá um tremendo impacto melhorando vários aspectos. Nossos obreiros serão mais equilibrados e poderão, sem sombra de duvida, realizar mais produtivamente seus ministérios, pois a impressão que tenho é que por causa dessas cobranças muitos se sentem como “funcionários” da igreja, sendo que são instrumentos de Deus, usados para o crescimento do Seu Reino.
Portanto defendo este principio:

Se a igreja tiver um coração grato reconhecendo a graça de Deus em suas vidas, sentirá um desejo profundo e real de fazer algo mais por missões, percebendo o seu importantíssimo papel como igreja de Cristo, por amor a Deus e verdadeiramente começará a enviar e ir, sustentar e orar por missões.
“A igreja que ama missões, possui Corações Gratos, Seus Pés Vão, Suas Mãos Dão e Seus Joelhos se Dobram”


7. BIBLIOGRAFIA

NASSER, Antonio C. A igreja apaixonada por missões. São Paulo: Editora Abba Press, 1995, 79 p.

PIPER, John. Alegrem-se os povos. Trad. Rubens Castilho. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, 254 p.

QUEIROZ, Edison. Administrar missões. São Paulo: Editora Vida Nova, 1998, 254p.

SMTH, Oswald. Paixão pelas almas. Trad. João Marques Bentes. São Paulo: Editora Vida,1996, 124 p.

WARREN, Rick. Uma vida com propósitos. Trad. James Monteiro dos Reis. São Paulo: Editora Vida, 2003, 294 p.
CITAÇÕES:
[1] WARREN, Rick. Uma vida com propósitos. Trad. James Monteiro dos Reis. São Paulo: Editora Vida, 2003, p 48.
[2] SMTH, Oswald. Paixão pelas almas. Trad. João Marques Bentes. São Paulo: Editora Vida,1996, p 94
[3] NASSER, Antonio C. A igreja apaixonada por missões. São Paulo: Editora Abba Press, 1995, p 24-25
[4] QUEIROZ, Edison. Administrar missões. São Paulo: Editora Vida Nova, 1998, p. 86 - 89.
[5] QUEIROZ, op. cit. p.137
[6] NASSER, op. cit. p. 48-51
[7] QUEIROZ, op. cit. p. 65-66
[8] PIPER, John. Alegrem-se os povos. Trad. Rubens Castilho. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 49
[9] PIPER, op. cit. p. 50

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